Como perdi 28 quilos em 6 meses
15.4.15
A história
Esta história tem inÃcio em novembro de 2012 quando por questões macro-económicas sou obrigado a encerrar a minha empresa.
Os problemas, o stress, as dificuldades relacionadas com a perda de um posto de trabalho com mais de seis anos instalaram-se de forma súbita e sem aviso.
O vir para casa sem objetivos concretos ou previsões de um futuro risonho também não ajudou.
Tudo junto levou-me, numa primeira fase, a uma ansiedade sem fim que viria a dar lugar a uma depressão sem fundo.
Nestas alturas tudo nos passa pela cabeça, coisas boas e más.
Como vamos sair destas situações, a famÃlia, os porquês das coisas, enfim... mesmo tudo.
No meu caso, e depois de alguns meses em casa com vários problemas (fÃsicos) de saúde derivados de uma psique transtornada, o caminho que segui foi o de querer melhorar, mas teria de o fazer sozinho, sem apoio técnico, porque o dinheiro não dava para tanto.
Comecei a pesquisar na internet primeiro sobre doenças, depois sobre saúde, a seguir sobre bem-estar e por fim sobre beleza.
Em cada uma das etapas autoterapêuticas, o que ia atingindo, por muito pouco que fosse, ia-me dando ânimo para seguir em frente.
Ajudou também o facto de ter uma mulher fantástica por perto que sempre me ajudou e que me inspirou com os seus comportamentos alimentares corretos e positivos e um filho maravilhoso que, do alto dos seus 5 anos (agora com seis) me chamava carinhosamente de gorducho, como que a dizer "vê lá se emagreces um pouco porque eu não quero um pai gordo e pouco saudável".
Durante o tempo em que me senti mais em baixo perdi apetite e, por consequência, alguns quilos. A perda de peso deu-me uma réstia de ânimo. No meio de tantos pensamentos negativos, foi a este ânimo que me agarrei. E atualmente tenho menos 28 quilos.
Apesar de ter lido muitos livros, ebooks, revistas, blogues, sites, etc. sobre dietas fantásticas e sobre opções surreais de como perder peso em x dias, não segui nenhuma das opções sugeridas.
Achei que com bom senso e algum cuidado conseguiria chegar a um resultado adequado para mim. Além disso tinha lido que mais importante do que conseguir perder peso era mantê-lo de forma definitiva e essa situação só é possÃvel quando interiorizamos essa "dieta" na nossa rotina diária, sem que darmos conta disso.
Com 93 quilos (por vergonha não tenho nenhuma foto de corpo inteiro) |
O antes
Mas antes de contar o meu processo de perda de peso, vou confessar-vos como era o Paulo "antigo".
Fazia apenas três refeições - muito grandes - por dia e atacava à noite a despensa e o frigorÃfico.
Deitava-me às 2:00 ou 3:00 da manhã e levantava-me perto das 8:30/9:00 horas para ir trabalhar. Bebia 4 a 5 cafés por dia, eu que nem gosto da bebida, para aguentar a pressão de trabalhar sozinho e ter de fazer tudo na empresa.
Quando comia fora, que na altura era frequente, uma refeição normal não era suficiente para mim.
Quando ia, por exemplo, ao McDonald's comia 2 menus Big Tasty (o maior que eles tinham) e ficava com fome.
Devido à falta de tempo (trabalhava no mÃnimo 14 horas por dia) raramente fazia um bom almoço (entenda-se saudável) ou mesmo um bom pequeno almoço.
Uma sandes tinha de ser mista (nunca só de queijo ou só de fiambre) e normalmente com duas fatias de cada.
Os snaks eram normalmente sandes ou doces (bolos - 2 ou 3 da pastelaria ou 250g de m&m's).
A ver televisão tinha de estar sempre a comer (uma tablete de chocolate de leite xxl milka dava para uma hora).
Frutas, legumes, sopa, água... tudo ingerido em poucas quantidades (quando as ingeria).
Fácil será de ver que estava a cavar a minha sepultura sem sequer dar conta disso. Comer funcionava para mim como um escape.
Tal como acontece com um toxicodependente ou um alcoólico, eu era "agarrado" à comida e tinha de aumentar cada vez mais as doses para me sentir satisfeito senão "ressacava".
No meio de tudo isto apenas um ponto positivo. A minha mulher tinha abolido há mais de 10 anos os fritos em casa, depois de uma noite de natal e a seguinte de ano novo no hospital por problemas relacionados com excesso de doces da época (como filhoses e rabanadas).
Nas análises médicas, os triglicéridos, o colesterol e a glicémia entre outros estavam sistematicamente desregulados, com valores extremamente altos, para não falar da minha idade celular (mais importante do que a nossa idade inscrita no BI) que na altura era superior a 70 anos.
Com 1,60 metros de altura cheguei a pesar, nos últimos dias de 2012, 98 quilos que, entre outras coisas, me impossibilitavam de apertar os sapatos ou de subir dois lances de escada sem ficar com "os bofes na boca".
Com 80 quilos |
O durante
Tomada de consciência
O primeiro passo foi reconhecer que eu sofria de distúrbios alimentares e que tinha de mudar por mim, pela minha saúde, mas também para poder dar um exemplo correto ao meu filho. Se nós somos os modelos dos nossos filhos não podemos só apontar-lhes o caminho a seguir, temos de o percorrer com eles, lado a lado.
Eu tive a sorte de o conseguir. Primeiro sozinho e com muito sofrimento, é certo. Esta tomada de consciência é solitária é um ponto de viragem: ou sentimos força para avançar ou então... mais cedo ou mais tarde acabamos por ceder e voltar tudo atrás.
A decisão
Depois de reconhecido o problema tive de tomar a decisão da minha vida, literalmente.
Ou mudava para melhor, ou comprava um bilhete só de ida para o mundo dos perdidos.
Nesta fase vale tudo menos tirar olhos. A fé nesta fase tem de ser forte e a minha felizmente foi.
Num belo dia disse para mim próprio: - tens de combater isto!. Se já conseguiste superar tantas dificuldades ao longo da tua vida também consegues superar esta.
O caminho
Comecei então por perceber o que fazia de errado. O que devia ou não comer. O que podia substituir para criar uma alimentação mais saudável sem sentir fome.
Esta é talvez a parte mais importante do trajeto. Porque podemos ter (e temos muitas vezes) várias recaÃdas.
Por outro lado, tive a ajuda do meu agregado familiar. Não se conseguem resultados plenos se ao nosso lado continuarem a comer mal. A alimentação é para ser feita em famÃlia e todos devem seguir a mesma direção, mesmo que pelo meio existam algumas pequenas variantes.
A "dieta"
#1. Pão, Massas, Arroz e Batatas
Substituà o pão branco por pão integral e tostas e reduzi as quantidades diárias.
- 2 baguetes pequenas de pão integral (uma ao pequeno almoço e outra ao lanche).
- 2 a 4 tostas às refeições (almoço e jantar).
As massas passaram a ser integrais e em pouca quantidade.
O arroz por não gostar do integral, como do normal, mas muito poucas vezes.
Já as batatas só cozidas ou em puré, mas pouco também.
#2. LacticÃnios
O leite meio gordo no meu copo passou a ser magro.
A manteiga dos açores foi substituÃda por creme vegetal de soja.
Os iogurtes de pedaços para magros 0%.
E o queijo de mesa e fatiado foi alterado pelo magro ou 50% menos gordura.
#3. Carnes
As carnes vermelhas foram dispensadas (podendo comer muito de vez em quando um "bifinho da vazia" ou um hambúrguer "natura")
A carne de porco está totalmente interdita.
As carnes brancas, como Perú e Frango ganharam lugar de destaque à mesa.
Assim como o fiambre e as salsichas que passaram a ser também de aves.
#4. Peixe
Comecei a comer mais peixe, nomeadamente mais salmão, dourada, redfish e pescada.
#5. Frutas e Legumes
Salada a todas as refeições (ou de alface ou de tomate - não gosto muito de mista) e sempre com muita cebola.
Legumes cozidos são sempre bem-vindos, brócolos, couves de bruxelas, feijão verde, cenouras, couve-flor, etc., gosto de tudo e dão muita cor aos pratos.
A fruta (normalmente a da época) passei a comer antes do prato principal ao almoço e ao jantar e normalmente como também uma peça ao pequeno almoço e outra ao lanche.
#6. Leguminosas
Tirando o grão de quem não sou fã, gosto de tudo, principalmente feijão frade.
#7. Bebidas
Deixei de beber bebidas com ácool (cerveja, vinho, espirituosas)
Deixei de beber café, tendo-o substituÃdo por uma chávena de chá de ervas.
Aumentei substancialmente o consumo de água (entre 1 a 1,5 litros por dia)
Deixei de consumir sumos ou outras bebidas adocicadas, como o Ice Tea ou a coca-cola, por exemplo.
#8. Temperos
Muito pouco sal (passei a usar flor de sal que tem menos sódio - quase menos 70%)
Gordura: só azeite com baixa acidez e em pouca quantidade.
Atualmente com 69 quilos |
O depois
Passei a comer 6 vezes ao dia, aproximadamente de 3 em 3 horas (pequeno-almoço, snack a meio da manhã, almoço, snack a meio da tarde, jantar e um snack ligeiro antes de deitar).
Por norma não como produtos muito calóricos depois das 21:00.
Deixei de ir às pastelarias. Bolos praticamente só como em casa e feitos com muito pouco açúcar e sem farinha de trigo.
Os chocolates foram reduzidos e por norma são agora de cacau a 70% ou mais.
Deito-me regularmente entre as 23:30 e as 00:00 e levanto-me perto das 08:00 da manhã.
Nas compras os rótulos dos vários produtos tornaram-se meus amigos. Não compro nada sem olhar bem para eles, mas isso fica para outro post.
Já consigo andar e correr sem me cansar. Calço os sapatos e aperto os atacadores sem por o pé numa cadeira e sem dificuldades.
As dores nas minhas costas diminuÃram substancialmente.
Neste momento peso 69 quilos e passei de um 48 para um 38 em calças.
A minha idade celular é agora de 46 anos...uma vitória!
Já consigo olhar-me ao espelho e tirar fotografias (inclusive selfies).
Todos os meus amigos me dão os parabéns pela minha nova imagem.
Mas principalmente o meu filho e a minha mulher sentem um enorme orgulho de mim e a minha saúde melhorou de uma forma que eu nunca pensei que fosse possÃvel.
Eu sei que não estou isento de doenças e que por causa dos meus excessos no passado algumas delas vão-se manifestar mais cedo ou mais tarde, mas no que depender de mim tudo farei para ficar mais saudável e para quem está à minha volta ou me segue neste blogue também.
Por isso fico ao vosso dispor para responder a algumas questões ou para ajudar a tirar algumas dúvidas.
Brevemente escreverei posts com as receitas que eu uso nas minhas refeições e que me ajudaram a perder (e manter) peso e também como ler e avaliar rótulos nas compras.
Bem-hajam!
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